Boletim Digital | fevereiro 2021
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Nesta edição continuamos a partilhar várias iniciativas no âmbito do Programa Cultural do Agrupamento, destacando-se, desta vez, os trabalhos em desenvolvimento na área do Cinema nos seus diferentes géneros e estilos, em especial o Documentário e o Cinema de Animação.
Também queremos dar nota do desenvolvimento do sítio do Programa Cultural, que tem como objetivo principal a partilha com todos das nossas atividades, ações e reflexões, mas desejamos, sobretudo, que mais trabalhos sejam partilhados.
Como referimos na edição anterior, queremos desenvolver uma cultura de escola onde seja possível cada um ser «autor» de práticas que desafiem o estabelecido, o «já visto», o «já feito», ou o «sempre foi assim». E, é neste sentido que, quer o Boletim Digital, quer o Sítio que agora damos nota se hão de tornar canais de comunicação para toda a comunidade, como forma de dar visibilidade ao trabalho de todos aqueles que desejem colaborar (docentes, estudantes, parceiros, associações de pais, entre outros).
Esperamos, assim, que nos enviem os vossos contributos para podermos partilhar com Todos nestes dois canais de comunicação.
Deixamos-vos de imediato com algumas imagens do trabalho em curso do «nosso» Sítio, e, de seguida, convidamos à leitura de algumas das muitas iniciativas que, em conjunto, vamos desenvolvendo.
Também gostaríamos de vos apresentar a Francisca Delgada, que foi estudante na nossa escola e que nos traz uma reflexão sobre o cinema e a educação.
VALE A PENA LER!
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O Sítio do Programa Cultural, que será apresentado no final do mês de março, constitui-se como mais um modo de partilhar os trabalhos desenvolvidos e, simultaneamente, uma maneira de podermos dar espaço a um maior número de contributos de toda a comunidade educativa (docentes, estudantes, famílias, parceiros). Também será um espaço de sistematização da informação e de reflexão sobre temas no âmbito da Educação Artística e da Educação em geral.
As rubricas que o constituem são iguais às do Boletim Digital, para, precisamente, integrar os contributos de todos, dando voz a quem queira partilhar as suas ideias, trabalhos, sugestões, a que o Boletim Digital não possa dar, por falta de espaço.
Convidamos-vos, agora a dar uma «vista de olhos».
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Preview da homepage do novo site
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Still do Documentário Talking Heads, Gadajace Glowy, 1980.
O documentário pode ser visto em https://youtu.be/cRVncgtT6GE , legendado em inglês.
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A(s) Estética(s) e a(s)Técnica(s) do Cinema: Documentário
A formação sobre Documentário desenvolve-se na continuidade da filosofia de intervenção do Programa Cultural, visando desenvolver um conjunto de estratégias destinadas a aprofundar o conhecimento nos domínios das diferentes formas de arte, por parte dos docentes de todos os ciclos de ensino e de todos os grupos disciplinares, bem como proporcionar o alargamento dos hábitos culturais entre a população escolar.
Neste sentido, este ano privilegia-se a formação docente em cinema, como estratégia para estimular o contacto das crianças e jovens com filmes de natureza diversa e os seus autores. Insere-se numa dinâmica formativa que articula os diferentes saberes específicos da área do cinema e incentiva à reflexão e desenvolvimento de um pensamento crítico, em geral.
Realça-se, assim, a importância da formação em cinema nas suas várias dimensões, as quais incorporam «o ver - o interpretar – o argumentar - o refletir e o experimentar criar», conforme as finalidades descritas no Programa Cultural do Agrupamento.
Agora, deixamos-vos com o que que se passou nas primeiras sessões de formação:
QUEM SOU EU? – foi o desafio que nos fez refletir em quem somos e como somos, especialmente, fez-nos pensar que somos aquilo que vemos, lemos, ouvimos, sentimos, e por isso poderíamos dizer que estamos sempre a ser… Razão tinha Sofia de Mello Breyner quando disse: «De TUDO QUANTO VEJO ME ACRESCENTO».
O difícil exercício sobre «QUEM SOU» ajudou-nos a ver Outros em «TALKING HEADS» (1980), documentário que, possivelmente, nos fez avivar a memória para outras maneiras de dizer e para outras possibilidades de ser.
Depois, fomos levados «PELA PRIMEIRA VEZ» de Octavio Cortazar(1967) a ver como o espetador está no centro e como um filme «(…) tem de tudo» e é «algo muito belo e importante», nas palavras de quem o sentia ali, naquele lugar… com a alegria e a emoção que transpareciam nos olhos brilhantes e sorridentes de homens e mulheres e no cansaço bom das crianças que bocejavam já no fim de «TEMPOS MODERNOS», um filme de Charles Chaplin, no lugar de «Los Mulos», em Cuba. Para nós, PELA PRIMEIRA VEZ, fomos espetadores de um filme dentro de outro filme para, quem sabe, podermos fazer o nosso filme.
Pela «lente» de Abbas Kiarostami em SHIRIN(2008) em que 114 espetadoras (atrizes iranianas e uma francesa) assistem e contam a história de um poema persa do século XII, - invisível para o espetador do filme-, através do desenho das emoções reescritas nos seus rostos, levando-nos para uma plateia «onde o que se escuta não se vê», por estar intencionalmente colocado « fora de campo».
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Ainda tivemos tempo para assistir à «SAÍDA DA FÁBRICA», de Louis e Auguste Lumière, 1895, revisitando os primórdios do cinema e, agora, já conhecedores de alguns conceitos básicos da linguagem cinematográfica, avançámos muito decididos a fazer o nosso «Minuto Lumière.
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Foto original : Museu Lumiére.
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PRÓXIMAS FORMAÇÕES
CURADORIA PARA A INFÂNCIA | em data a anunciar | Todos os docentes
Parceria entre Fundação AGA KHAN, Museu de Etnologia
AS ARTES NO CURRÍCULO (setembro de 2021)
Artes Visuais, Educação Tecnológica e restantes grupos disciplinares
(2.º e 3.º Ciclos).
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Stills do trabalho desenvolvido pelos alunos do 5ºA, para a criação de uma curta-metragem (pormenor).
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OS DEUSES DO OLIMPO - SIGNOS, SÍMBOLOS E METAMORFOSES»
Na continuidade da parceria com o Museu Nacional de Arqueologia (MNA), Filomena Barata e Maria José Albuquerque trouxeram «OS DEUSES DO OLIMPO» - SIGNOS, SÍMBOLOS E METAMORFOSES» a cinco turmas do 5.º ano.
Foi com a turma A, do 5.º ano, que reparámos nos pés, alados, com aquelas asas mágicas de Hermes, mergulhámos no mundo de Hades, com o seu cão Cérbero, de três cabeças. Assustámo-nos. Mas, por entre as águas revoltas, deslumbrámo-nos com Poseidon que surgiu com o seu tridente, levando Cérbero e Hades de volta para os confins…
Depois continuámos o trabalho, por entre ditos e mitos, e construímos uma história sobre uma carta que queríamos enviar a Zeus…
SERÁ QUE IREMOS CONSEGUIR? Temos tido muitas tormentas nas profundezas do Hades…
No próximo Boletim, dar-vos-emos conta se aquele Deus Grego leu a carta que lhe escrevemos.
Por agora estamos a transformar a nossa história em Cinema de Animação, como podem observar por algumas imagens que aqui vos mostramos.
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Still do vídeo sobre Amadeo de Souza Cardoso, pela RTP Ensina.
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Com este vídeo da RTP Ensina queremos trazer ao debate uma ideia que o pintor Amadeo Souza Cardoso nos deixou e que nos deve fazer refletir sobre o modo como encaramos as artes, que ora encaramos como simples técnicas, ora como simples narrativas. Este pintor caraterizado pelo seu «espírito inquieto», diz-nos que «ninguém deixa de ser pintor por falta de técnica, mas sim por falta de intensidade». Deixamos-vos esta pista de reflexão, para um dia destes podermos partilhar as nossas ideias num qualquer espaço físico ou digital.
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Como demos nota no Boletim anterior, a Turma A, do 9.º ano, foi convidada para a iniciativa «EU PROGRAMO UM FESTIVAL DE CINEMA »pelo Festival IndieLisboa, secção IndieJúnior.
Ao longo de três semanas, já vimos várias curtas-metragens, das quais não podemos revelar o título, afinal estamos ainda decidir quais delas serão as contempladas para participarem no referido Festival.
Podemos adiantar que não estávamos habituados a ver estes filmes, contudo eles têm-nos inquietado por serem diferentes e por nos terem alertado para problemáticas que às vezes são pouco discutidas, como por exemplo: os dilemas da adolescência, a morte, os preconceitos, entre outras temáticas. Temos sido sinceros nas nossas discussões, e, por isso, nem sempre estamos de acordo, mas ficámos alerta de que «OS GOSTOS SE DISCUTEM», ao contrário do que o senso comum encara como verdade absoluta.
E foi numa destas sessões de cinema que a professora Elvira lançou um desafio:
- E se agora dessem continuidade ao filme, de que não podemos dizer o nome, através da escrita...
E foi assim que surgiu a:
A RAPARIGA DO RIO
Por Raquel Alves
9.º A
Estar ali com ela naquela pedra, que era bastante desconfortável por sinal, estava a remoê-lo por dentro. Ele queria bastante aquilo. Esteve o tempo todo a treinar e, agora, que poderia ser a hora exata, estava com receio. Queria provar para todos e para si próprio que era capaz. Por dentro pensava se seria parecido como o que treinou com seu braço… podia ser parecido ou bastante diferente, visto que seria uma outra boca e não um simples braço. Ele, por outro lado, não sabia se ela também o queria ou se ele estava só iludido de que o seu primeiro beijo fosse hoje.
A água do rio corria, o tempo passava e a sua respiração só se desregulava ainda mais… assim como o seu coração que estava na sua boca e poderia saltar a qualquer momento. Mas para que servia esta ansiedade toda se seria um simples beijo, ou talvez isso nem acontecesse? A sua mente estava prestes a entrar numa enorme explosão, teria de correr atrás do sim, pois o não já é certo. Mas esse era o grande problema: ele não queria levar um simples não! Pensou, pensou e pensou mais uma vez, mas decidiu esquecer essa ideia e levá-la a casa. A sua casa não era tão longe, mas também não era assim tão perto. O percurso até lá foi feito em total silêncio. Mas se eram poucas as palavras eram bastantes os pensamentos dentro da cabeça do rapaz.
Confuso era a palavra que o descrevia perfeitamente.
À porta da sua casa, a rapariga questionou o facto de ele ter ficado tão distante de repente. Aí sim, entrou em total desespero. Como falar para ela que o motivo era ela mesma? O silêncio reinou durante alguns segundos que mais pareciam horas... O silêncio não era um silêncio bom, não era aquele silêncio das pessoas que não precisam de palavras para comunicar, que se conhecem como ninguém, mas sim aquele silêncio desconfortável. Por isso, ela logo tratou de o cortar, perguntando, mais uma vez, o que tinha acontecido com ele. Mas ele nada disse. Inconformada, entrou em casa sem nada falar.
Agora sim, hoje não seria o dia do seu primeiro beijo.
O caminho da volta foi parecido com o da ida, em silêncio e cheio de pensamentos. A única diferença era que ele agora estava sozinho. Os pensamentos não eram nada mais nada menos do que a dúvida se fez a coisa acertada. Permanecer em silêncio com certeza não foi a melhor escolha, mas, se não o fizesse, o que iria falar? Que a queria beijar, mas que tinha medo por ser o seu primeiro beijo? Ou por ela não querer?
Nada fazia sentido.
Mas resolveu esquecer isso, era melhor, afinal nunca mais a iria ver na vida…
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O INÍCIO E O FIM
Ainda no âmbito da temática "Objetos e dos seus trajetos: Do Paleolítico aos nossos dias", um trabalho em parceria com o Museu Nacional de Arqueologia (MNA), a Turma C do 5.ºano concluiu o projeto denominado: «O INÍCIO E O FIM», no qual as crianças "imaginaram" como era a vida na terra no período do Paleolítico, em comparação com os dias de hoje.
E como imaginaram e como o concretizaram?
Foi um processo moroso e trabalhoso. Afinal, tiveram de unir saberes de várias disciplinas: História, Ciências Naturais e Artes Visuais.
Como eram os animais e a natureza? Como eram os homens do Paleolítico? Como se alimentavam? Que instrumentos utilizavam?
Já sabíamos algumas respostas a estas perguntas, pois o Mário e a Maria José do Museu Nacional de Arqueologia (MNA), como carinhosamente os chamamos, já nos tinham elucidado através dos objetos que nos mostraram quando estiveram connosco. O problema era andar para trás no tempo…
Decidimos viajar com um pé no tempo de agora, via Internet, e integrando os conceitos de organismo, população, comunidade, ecossistema, entre outros. Recolhemos imagens para desenhar uma linha de seres, numa espécie de tabuleiro de um jogo que espelha, numa composição, uma mancha de cor dada pela mistura das nossas imagens.
E a dúvida de como andar para trás no tempo continuava. Mas, de dúvida em dúvida, conseguimos esboçar as ideias que íamos imaginando de como era a vida na terra naqueles idos anos.
Esboçar ideias é como fazer uma viagem, precisa de muitos preparativos. E assim andámos nós: esboço para aqui, esboço para lá… As nossas ideias foram ganhando forma, através de desenhos, desta vez num traçado a preto e branco, por entre uma espécie de construções suspensas pelos fios que nos fizeram viajar no tempo «NO INÍCIO E NO FIM».
Querem saber mais sobre este trabalho?
Quando voltarmos à escola, filmamos uma reportagem sobre a exposição que designámos: «NO INÍCIO E NO FIM», patente no átrio da secretaria da nossa escola e contaremos tudo sobre este laborioso trabalho que fizemos acompanhados das professoras Lucília Carneiro e Elisa Marques.
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Foto original de Elisa Marques.
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A importância do Cinema para o público infantojuvenil
Por Francisca Delgado*
Afinal, que lugar ocupa o cinema na vida das crianças e dos jovens? - o cinema tem um papel fundamental na educação e é uma manifestação artística essencial ao desenvolvimento pedagógico, artístico, cultural e pessoal. Tentarmos perceber o que significa a experiência cinematográfica para este público de idades tão distintas e de que maneira os festivais de cinema reagem a estas questões, mas também de que maneira reagem os espetadores a uma linguagem cinematográfica mais independente, fora dos circuitos comerciais e à qual não estão habituados. O cinema abrange grande parte das formas de expressão, o que lhe permite chegar a espetadores muito distintos. No seguimento da visualização atenta de um filme, surge a discussão de vários temas pertinentes: a utilização do filme como material de trabalho pode efetivamente ser um aspeto positivo para os alunos, não só pelas dimensões cívicas e humanas, mas também para proporcionar um melhor entendimento de determinadas temáticas. O cinema convive também com uma questão muito relevante: a estética associada às imagens e a expressividade gerada por todos os aspetos que estruturam e compõem um filme. A «educação do olhar» promovida pelo cinema surge com o intuito de interpretar de forma crítica ideias que as imagens nos sugerem.
Neste sentido, é importante conjugar e desenvolver iniciativas no âmbito do cinema, articulando os contextos escolares e não escolar, como é o caso da iniciativa que está a ser realizada entre o IndieJúnior e o Agrupamento de Escolas Almeida Garrett, sendo de especial importância os festivais e secções específicas dedicadas ao cinema infantojuvenil que em Portugal são promovidos. Esta relevância situa-se não só pela criação/produção nacional de filmes para esses públicos, também pelo desenvolvimento da dimensão educativa que, muitas vezes, é desvalorizada. Além de existirem como tentativa de colmatar uma “falha” na oferta, dedicam-se precisamente a esse desenvolvimento, pela preocupação que atribuem ao contexto das escolas e pela forma simples, mas imediata, como criam um ambiente de cumplicidade entre famílias. É através do gosto pelo cinema e da vontade de transmitir esse gosto a outros que a programação se expande a todos os níveis, permitindo, por vezes de forma subtil, crescer através da possível relação que se pode estabelecer com os filmes. O objetivo comum é a criação e estimulação de novos hábitos de «consumo» de cinema, desde a infância. Estes hábitos de fruição do cinema e da cultura, em geral, e a promoção de conversas sobre essas experiências permitem estimular o desenvolvimento do sentido crítico e da capacidade de discussão e reflexão sobre os filmes. O debate fomenta a abertura de novos horizontes e diferentes possibilidades de leitura, consoante o entendimento de quem neles participa. As vantagens educativas de integração, não só das várias expressões artísticas como especificamente do cinema, representam seguramente uma mais-valia nos diferentes territórios educativos.
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*Francisca Delgado, 23 anos.
Ex-aluna da EB 2 / 3 Almeida Garrett (2007-2012).
Licenciada em Estudos Artísticos, variante de Artes do Espetáculo pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. (2015-2019) | Estágio Curricular no IndieLisboa - Festival Internacional de Cinema como Assistente de Produção na secção IndieJúnior (2019).
Curso de Especialização Profissional em Produção de Eventos e Espetáculos pela World Academy (2019-2020) | Estágio Curricular no IndieLisboa - Festival Internacional de Cinema como Assistente de Produção.
Atualmente, responsável pela Produção IndieJúnior (2021).
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Devido ao novo período de confinamento geral, apresentamos propostas exclusivamente online.
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ARTES PLÁSTICAS
Coleção Moderna, Museu Calouste Gulbenkian | Visita virtual
Disponível em link
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TEATRO
O Silêncio e o Medo, de David Geselson | Teatro Nacional Dona Maria II | Até dia 20 de março | Disponível em link
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DANÇA
Outras Danças – Coleção Digital da Companhia Nacional de Bailado | Disponível em link
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MÚSICA
Orquestra Metropolitana de Lisboa / Così Fan Tutte | 6 de Março | Vários horários
Link em link
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Apoio
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FICHA TÉCNICA
Conceção - António Limpo e Elisa Marques
Design Gráfico - António Limpo
Textos - Elisa Marques
Revisão de Conteúdos - Clara Santos
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